Foto: Norberto Quintana Guidotti de Ornelas e Rael Castro
Depois de nove anos, a comunidade de Minas do Camaquã, terceiro distrito de Caçapava do Sul, terá de volta um símbolo de fé e esperança que marcou a história da fundação do povoado. A cruz de aço, de 18 metros de altura, foi arrancada pelo vento em um temporal em outubro de 2015.
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Desde então, moradores e antigos mineiros se mobilizam para reconstruir a peça que figurava como cartão-postal desde a década de 1960. Mas, neste ano, finalmente, a cruz voltará ao morro. E a celebração já tem data: 1º de maio.
A campanha “Todos Pela Cruz” começou neste mês. Em pouco mais de 20 dias, foi possível arrecadar cerca de R$ 50 mil. A meta é dobrar o valor para custear os gastos com a confecção e as obras de instalação que devem iniciar na próxima semana.
Conforme Fabrício Pinheiro da Silva, 46 anos, responsável pela organização do projeto, a arrecadação é feita por meio de rifas, “vakiquinhas” online e doações espontâneas. Outras ações, como um bingo e um baile com sorteio de ovelhas, vacas e touros, estão marcadas para abril. Todos os lucros serão revertidos para a campanha.
A data de inauguração da nova cruz, 1º de maio, foi escolhida pela comunidade local. Além de representar o Dia do Trabalhador, a data marca a última extração de cobre realizada nas Minas do Camaquã, em 1996.
- A gente queria muito essa data, porque a cruz simboliza a fé. Ela trouxe muita união, o que faltava na região. A gente acha que agora, muitas coisas mudarão. Vai ser uma virada de chave - afirma Fabrício.
A campanha pode ser acompanhada pelas redes sociais do projeto em @pedradacruz.rs Semanalmente, são postadas atualizações sobre os valores arrecadados e informações sobre as próximas atividades.
Nova cruz terá iluminação de LED
O projeto arquitetônico prevê que a cruz terá o mesmo tamanho da original. No entanto, será mais robusta, pesando cerca de duas toneladas. Além disso, a estrutura contará com novidades: uma iluminação em LED, que possibilitará a visualização do morro em um raio de 20 quilômetros.
O objetivo, segundo Fabrício, é utilizar as cores a favor de campanhas sociais, como Outubro Rosa e Novembro Azul, por exemplo. Ademais, placas solares também serão instaladas para mover a energia do local. A empresa Condormetal Industria e Engenharia, responsável pelas obras, deve instalar a cruz no mesmo local da primeira. Para isso, foram realizados estudos que envolveram a medição do terreno, velocidade do vento e logística para levar a armação até o morro.
Um símbolo para a comunidade mineradora
Minas do Camaquã tem sua origem em meados da década de 1870, com o descobrimento do cobre e consequente atividade mineradora. Conforme Norberto Quintana Guidotti de Ornelas, historiador e pesquisador local, depois da descoberta do minério, não demorou muito para que povos europeus passassem a explorar a região. No entanto, depois de um pico de sucesso, a localidade foi abandonada, até meados de 1940.
Com o início da 2ª Guerra Mundial, o governo brasileiro voltou os olhos ao território e estabeleceu parcerias público-privadas para a instalação de uma empresa exploradora. Nas imediações do empreendimento, surgiram residências, comércio, escolas, igrejas e até mesmo uma pista de pouso para aviões. No entanto, um problema perturbava os moradores.
A região não oferecia uma aterrissagem segura, por falta de sinalização. Dentre tantas ideias para solucionar a questão, o padre Elcy Arboitte a Pignatari sugeriu a construção de uma enorme cruz, a ser colocada no alto do morro denominado “Pedra do Paredão”, e cujo braço esquerdo indicaria o campo de pouso. Em 22 de dezembro de 1968, depois de uma missa, foi inaugurada a cruz, pintada com tinta refletiva, que a possibilitava a visualização à noite.
A “Pedra do Paredão” passou a ser conhecida como “Pedra da Cruz” e com o passar dos anos, a estrutura se tornou um símbolo de identidade da região.
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