Minas do Camaquã, em Caçapava do Sul, terá de volta cruz arrancada de morro em temporal de 2015

Tayline Manganeli

Minas do Camaquã, em Caçapava do Sul, terá de volta cruz arrancada de morro em temporal de 2015

Foto: Norberto Quintana Guidotti de Ornelas e Rael Castro

Depois de nove anos, a comunidade de Minas do Camaquã, terceiro distrito de Caçapava do Sul, terá de volta um símbolo de fé e esperança que marcou a história da fundação do povoado. A cruz de aço, de 18 metros de altura, foi arrancada pelo vento em um temporal em outubro de 2015. 


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Desde então, moradores e antigos mineiros se mobilizam para reconstruir a peça que figurava como cartão-postal desde a década de 1960. Mas, neste ano, finalmente, a cruz voltará ao morro. E a celebração já tem data: 1º de maio. 


A campanha “Todos Pela Cruz” começou neste mês. Em pouco mais de 20 dias, foi possível arrecadar cerca de R$ 50 mil. A meta é dobrar o valor para custear os gastos com a confecção e as obras de instalação que devem iniciar na próxima semana. 


Conforme Fabrício Pinheiro da Silva, 46 anos, responsável pela organização do projeto, a arrecadação é feita por meio de rifas, “vakiquinhas” online e doações espontâneas. Outras ações, como um bingo e um baile com sorteio de ovelhas, vacas e touros, estão marcadas para abril. Todos os lucros serão revertidos para a campanha.

  

A data de inauguração da nova cruz, 1º de maio, foi escolhida pela comunidade local. Além de representar o Dia do Trabalhador, a data marca a última extração de cobre realizada nas Minas do Camaquã, em 1996.


- A gente queria muito essa data, porque a cruz simboliza a fé. Ela trouxe muita união, o que faltava na região. A gente acha que agora, muitas coisas mudarão. Vai ser uma virada de chave - afirma Fabrício. 


A campanha pode ser acompanhada pelas redes sociais do projeto em @pedradacruz.rs Semanalmente, são postadas atualizações sobre os valores arrecadados e informações sobre as próximas atividades.


Nova cruz terá iluminação de LED

O projeto arquitetônico prevê que a cruz terá o mesmo tamanho da original. No entanto, será mais robusta, pesando cerca de duas toneladas. Além disso, a estrutura contará com novidades: uma iluminação em LED, que possibilitará a visualização do morro em um raio de 20 quilômetros. 


O objetivo, segundo Fabrício, é utilizar as cores a favor de campanhas sociais, como Outubro Rosa e Novembro Azul, por exemplo. Ademais, placas solares também serão instaladas para mover a energia do local. A empresa Condormetal Industria e Engenharia, responsável pelas obras, deve instalar a cruz no mesmo local da primeira. Para isso, foram realizados estudos que envolveram a medição do terreno, velocidade do vento e logística para levar a armação até o morro.   


Um símbolo para a comunidade mineradora 

Minas do Camaquã tem sua origem em meados da década de 1870, com o descobrimento do cobre e consequente atividade mineradora. Conforme Norberto Quintana Guidotti de Ornelas, historiador e pesquisador local, depois da descoberta do minério, não demorou muito para que povos europeus passassem a explorar a região. No entanto, depois de um pico de sucesso, a localidade foi abandonada, até meados de 1940. 


Com o início da 2ª Guerra Mundial, o governo brasileiro voltou os olhos ao território e estabeleceu parcerias público-privadas para a instalação de uma empresa exploradora. Nas imediações do empreendimento, surgiram residências, comércio, escolas, igrejas e até mesmo uma pista de pouso para aviões. No entanto, um problema perturbava os moradores. 


A região não oferecia uma aterrissagem segura, por falta de sinalização. Dentre tantas ideias para solucionar a questão, o padre Elcy Arboitte a Pignatari sugeriu a construção de uma enorme cruz, a ser colocada no alto do morro denominado “Pedra do Paredão”, e cujo braço esquerdo indicaria o campo de pouso. Em 22 de dezembro de 1968, depois de uma missa, foi inaugurada a cruz, pintada com tinta refletiva, que a possibilitava a visualização à noite.


A “Pedra do Paredão” passou a ser conhecida como “Pedra da Cruz” e com o passar dos anos, a estrutura se tornou um símbolo de identidade da região. 


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